domingo, 21 de abril de 2024

COMO SE CONDUZIR NA CAMINHADA

         2º Trimestre de 2024

SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 4

Texto Base: Efésios 5:15-17

“Andai com sabedoria para com os que estão de fora, remindo o tempo” (Colossenses 4:5).

Efésios 5:

15.Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios,

16.remindo o tempo, porquanto os dias são maus.

17.Pelo que não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor. 

INTRODUÇÃO

Na quarta lição deste trimestre, somos ousados a explorar as veredas da jornada cristã sob o título revelador: "Como se conduzir na caminhada". Este tema crucial direciona nosso olhar para as orientações divinas que moldam nossa trajetória espiritual. Na jornada da vida cristã, a Palavra de Deus emerge como a bússola infalível, iluminando os passos dos fiéis peregrinos em direção ao reino celestial. O Salmista proclama em Salmo 119:105: "Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para o meu caminho". Esta afirmação ressoa como o alicerce inabalável que nos guia na caminhada cristã.

Nessa caminhada, o Pai celestial, em seu amor incomparável, estabelece um padrão divino para a conduta que conduz o crente à vida eterna. Cada página das Sagradas Escrituras torna-se uma revelação, um sinal luminoso delineando como devemos agir ao longo desse caminho rumo à Pátria Celestial. Seu cuidado paternal se manifesta na orientação, na repreensão e na correção que recebemos ao longo dessa jornada.

Alicerçar nossa conduta na caminhada cristã na imersão na Palavra de Deus é o cerne do estudo desta Lição. 2Timóteo 3:16,17 enfatiza que toda Escritura é inspirada por Deus, sendo não apenas útil, mas essencial para o ensino, a repreensão, a correção e a educação na justiça. Este versículo destaca a importância vital de alinharmos nossa conduta com os princípios eternos delineados nas Escrituras, buscando nelas a sabedoria que nos capacita a enfrentar os desafios diários da jornada cristã.

Ao imergirmos nesse estudo, que possamos compreender que a condução cristã não é apenas uma questão de destino, mas uma jornada diária de transformação, moldada pela luz da Palavra de Deus. Que este aprendizado inspire uma conduta piedosa, uma obediência diligente e uma confiança inabalável na orientação celestial enquanto caminhamos rumo ao Céu, guiados pela luminosidade inextinguível da Palavra de Deus.

I. O PADRÃO DE CONDUTA NA CAMINHADA CRISTÃ

1. Jesus como nosso padrão de conduta

Antes de analisarmos o texto base desta Lição (Efésios 5), cabe-nos refletir a respeito de um padrão geral de conduta para fazer a vontade do Pai celestial na Caminhada Cristã.

Na senda da vida cristã, o padrão de conduta estabelecido por Jesus emerge como a bússola moral que orienta os passos dos discípulos em sua jornada terrena. A palavra "padrão" evoca a ideia de uma norma consagrada, determinada por consenso ou autoridade, que se torna a base de comparação, um modelo digno de ser seguido. Neste contexto, o Senhor Jesus, ao proferir as palavras registradas em João 13:15, transcende o papel de Mestre para se tornar o exemplar supremo de vida – “Porque eu vos dei exemplo, para que, como eu fiz, façais vós também".

Esta assertiva de Jesus, estabelece uma verdade fundamental: Ele é o padrão de conduta para seus discípulos. O termo "exemplo" denota mais do que simples instrução verbal; representa uma encarnação prática dos princípios divinos em ação. Jesus, ao viver na plenitude da vontade de Deus, torna-se o arquétipo, o modelo a ser imitado por todos aqueles que desejam seguir o caminho da verdade.

A importância desse padrão de conduta não pode ser subestimada. Em Hebreus 12:2, Jesus é apresentado como o "autor e consumador da nossa fé", evidenciando que Ele não apenas inicia, mas também completa a obra de fé em nossas vidas. A caminhada cristã, portanto, é moldada pela incessante contemplação de Jesus, não apenas como um mestre distante, mas como um padrão vivo que ilumina o caminho para a realização da vontade divina.

Portanto, a imitação de Jesus não é uma simples aspiração, mas uma necessidade vital para aqueles que almejam fazer a vontade de Deus neste mundo. Ele é o modelo perfeito de amor, humildade, serviço e obediência, proporcionando um roteiro claro para a conduta cristã. Assim, a caminhada cristã encontra seu significado mais profundo na incessante busca por refletir o padrão de conduta exemplificado por Jesus, o Mestre divino e perfeito.

2. Fazendo a vontade de Deus

Ao examinarmos a jornada de Jesus nesta vida, percebemos que, como Filho de Deus, Ele buscou incessantemente agradar ao Pai, fazendo sempre a Sua vontade (João 4:34; 6:38; 17:4). Essa atitude exemplar de submissão e obediência reflete não apenas a relação singular entre o Pai e o Filho, mas também estabelece um modelo sublime para todos os discípulos que anseiam seguir os passos do Mestre.

A instrução de Jesus aos seus discípulos sobre a busca da vontade do Pai, expressa na oração do "Pai Nosso", ressoa como um eco divino que ecoa através dos séculos (Mateus 6:10; cf. Mateus 26:39,42). Nessa oração, encontramos não apenas uma súplica por alimento espiritual, mas um anseio genuíno de alinhar a vontade pessoal com a divina, revelando o coração do cristão que busca viver em harmonia com os desígnios celestiais.

A aparente dificuldade de andar no padrão divino de Cristo não é uma barreira intransponível. Jesus mesmo, ao ensinar sobre a oração no Sermão da Montanha, enfatizou a necessidade de buscar auxílio do alto, reconhecendo nossa dependência de Deus (Mateus 6:9-13). Essa abordagem de humildade e confiança torna possível para o cristão, com a ajuda divina, seguir os passos de Cristo e, assim, cumprir a vontade do Deus Pai.

O cristão que almeja o Céu é desafiado a abandonar o egoísmo, o orgulho e a vaidade, trilhando o caminho da submissão a Deus. A prática da "Lei de Ouro", como ensinada por nosso Senhor - "tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lhes também a vós" (Mateus 7:12; cf. Romanos 13:8,10) -, torna-se a bússola moral que guia as interações diárias, promovendo relações fundamentadas no amor e no respeito mútuo.

Assim, fazer a vontade de Deus transcende o mero cumprimento de regras; é uma jornada de transformação contínua, uma busca constante por alinhar nossos desejos e ações com os princípios divinos. Ao seguirmos esse caminho de submissão e amor, não apenas refletimos a imagem de Cristo, mas também construímos um alicerce sólido para a jornada que nos conduz ao Céu.

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3. Uma vida cristã bem-sucedida

A vida cristã é muitas vezes comparada a uma competição espiritual, uma corrida em que cada passo é vital na busca pela aprovação divina. O apóstolo Paulo, em sua eloquente metáfora atlética em 1Coríntios 9:24-27, destaca a necessidade de procurar o caminho certo para alcançar a qualificação. Nessa busca pela qualificação celestial, o cristão encontra um padrão inspirador e transformador: Cristo Jesus.

O êxito espiritual, conforme delineado por Paulo, não é uma conquista casual, mas o resultado de uma busca consciente e diligente pelo caminho que leva à semelhança com Cristo. Assim como indivíduos bem-sucedidos na vida secular buscam espelhar-se em figuras ilustres, equilibradas e resilientes, o cristão é chamado a mirar-se em Cristo, o padrão supremo de êxito espiritual.

A analogia de Paulo sobre a competição espiritual sugere que o cristão deve abraçar a resiliência e o equilíbrio, características que Jesus personificou durante Sua jornada terrena. Em Filipenses 2:5, o apóstolo exorta os crentes a cultivarem em si mesmos o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus. Esse "sentimento" não é apenas uma emoção passageira, mas uma disposição constante de submissão, humildade e obediência à vontade divina.

Uma vida espiritual bem-sucedida não se baseia em conquistas externas, mas na conformidade interna ao caráter de Cristo. O equilíbrio entre fé e obras, e a resiliência diante das adversidades tornam-se os pilares dessa jornada espiritual vitoriosa. Ao seguir o modelo de Cristo, o cristão não apenas se qualifica na competição espiritual, mas também se torna um agente de transformação no mundo ao seu redor.

Portanto, a busca por uma vida espiritual bem-sucedida não é apenas um anseio individual, mas um chamado coletivo para refletir a luz de Cristo e proclamar Sua mensagem de redenção e esperança.

II. FAZENDO A CAMINHADA COM PRUDÊNCIA E SABEDORIA

1. O que é prudência?

Do latim “prudentĭa”, a prudência é a temperança, a moderação, a sensatez ou a cautela. Trata-se da virtude de agir de forma justa e ponderada. Ser prudente é ser precavido.

Agir com prudência compreende tanto ações relacionadas a falas quanto a movimentos, a fim de não causar danos a outras pessoas e também a própria pessoa. Ou seja, é uma sensatez que faz com que a pessoa busque evitar situações que gerem perigo, inconveniências, etc. Está escrito que “O insensato despreza a instrução de seu pai, mas o que aceita a repreensão consegue a prudência” (Provérbios 15:5).

Instrui o apóstolo Paulo: “Portanto, vede prudentemente como andais...” (Ef.5:15). Esta instrução ressoa como um guia sábio para a jornada do cristão neste mundo, e no cerne dessa orientação encontra-se a palavra "prudência". Aqui, Paulo faz um apelo contundente aos crentes para que avaliem com prudência a maneira como conduzem suas vidas - “vede prudentemente como andais”. Em outras palavras: seja prudente. Esta expressão "vede prudentemente como andais" (Ef.5:15) alerta para a importância de refletir cuidadosamente sobre as ações, garantindo que estejam em sintonia com a orientação divina.

No contexto do Antigo Testamento, especificamente em Provérbios 9:9, a prudência é vinculada à compreensão e discernimento, sugerindo uma capacidade de ensinar e instruir – “Dê instrução ao sábio, e ele se tornará mais sábio ainda; ensine o justo, e ele crescerá na prudência” (Provérbios 9:9).

A prudência, portanto, é uma virtude que capacita o indivíduo a agir com cautela e moderação diante de desafios, sendo uma razão prática que permite discernir as escolhas mais adequadas para realizar o bem (Provérbios 16:16).

Com mais ênfase podemos dizer que a prudência transcende a simples tomada de decisões; ela é uma qualidade que permeia a vida do cristão, moldando seu caráter e influenciando suas ações. Ao possuir prudência, o crente adquire a habilidade não apenas de fazer escolhas sábias, mas também de ensinar e orientar outros no caminho da sabedoria. Essa virtude é uma bússola moral que direciona o cristão em sua caminhada, permitindo-lhe navegar pelos desafios da vida com discernimento divinamente concedido.

A prudência, portanto, não é apenas uma habilidade humana, mas uma dádiva celestial que capacita o crente a viver de acordo com a vontade de Deus, fazendo escolhas que refletem a luz da verdade e promovem o bem em sua caminhada cristã.

José, filho de Jacó, é um exemplo notável de pessoa prudente. A história desse prudente jovem é relatada no livro de Gênesis, capítulos 37 a 50. A trajetória de José é marcada por uma série de eventos desafiadores, começando com a venda pelos seus irmãos como escravo e culminando com sua posição de destaque no Egito.

José demonstra prudência em várias situações ao longo de sua vida. Quando trabalhava na casa de Potifar, o oficial egípcio, ele se mostra um servo fiel e íntegro, recusando-se a ceder à tentação da esposa de Potifar. Esse ato de prudência resulta em sua prisão injusta, mas também na preservação de sua integridade moral.

Além disso, durante sua estada na prisão, José exibe sabedoria ao interpretar os sonhos de outros prisioneiros, antecipando eventos futuros. Essa habilidade se revela crucial mais tarde, quando ele interpreta os sonhos do faraó, sendo elevado a uma posição de autoridade para lidar com a iminente crise de fome.

A prudência de José é evidente também em sua abordagem ao lidar com seus irmãos, que o venderam como escravo. Em vez de buscar vingança, José os perdoa, reconhecendo que Deus tinha um propósito maior em sua jornada.

Portanto, a história de José na Bíblia destaca sua prudência ao enfrentar adversidades, sua fidelidade a Deus e sua capacidade de discernimento em diversas circunstâncias.

“Que o Senhor lhe conceda prudência e entendimento, para que, quando for rei sobre Israel, você guarde a Lei do Senhor, seu Deus” (1Crônicas 22:12).

2. Não andeis como néscios!

Ser néscio, segundo a perspectiva bíblica, é viver imerso na ignorância espiritual e afastado da luz divina, resultando em uma jornada marcada pelo pecado (Ef.2:2,3).

O apóstolo Paulo, em sua Carta aos Efésios (Efésios 5:15), adverte os crentes contra a conduta néscia – “...não como néscios, mas como sábios”. Utilizando o termo grego "asophos", ele destaca a importância de agir com sabedoria e discernimento, estando cheios do Espírito Santo para alinhar-se à vontade divina.

Paulo esclarece que aqueles que persistem na carnalidade não conseguem agradar a Deus, conforme mencionado em Romanos 8:8. Portanto, o apelo de Paulo para “não andar como néscios, mas como sábios” é também uma chamada à santidade e submissão à orientação do Espírito Santo. Ao evitarem a conduta néscia, os crentes buscam uma vida que glorifica a Deus, refletindo a sabedoria que provém d'Ele.

Em resumo, não andar como néscios revela a importância de os crentes rejeitarem a ignorância espiritual, abraçando a sabedoria divina e guiando sua jornada com prudência, sob a luz do Espírito Santo. Isso não apenas os afasta do caminho do pecado, mas também os conduz a uma vida que reflete a glória de Deus em cada passo dado.

3. Andeis como sábios!

A instrução do apóstolo Paulo em Efésios 5:15 ressoa como um chamado claro aos crentes: "Vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios". O termo "sábios", derivado do grego "sophós", descreve aqueles que são hábeis e peritos, e é esse o adjetivo que Paulo escolhe para caracterizar a jornada daqueles que se dirigem ao Céu.

A sabedoria mencionada aqui não é simplesmente a destreza intelectual adquirida por meio de estudos acadêmicos; é uma sabedoria espiritual que emana da vida dirigida pelo Espírito Santo. Aqueles que trilham no caminho do Espírito vivem na luz, na santidade e são dotados de discernimento divino (Efésios 1:8; Colossenses 4:5). Essa sabedoria, oriunda da luz divina que habita o crente, capacita-o a distinguir entre o que é correto e o que não é.

Paulo, ao dizer "vede prudentemente como andais" (Ef.5:15), está incentivando os crentes a avaliarem com sabedoria cada passo em sua jornada. Portanto, andar como sábios, implica um compromisso inabalável de não retroceder para as práticas do mundo.

A sabedoria divina, que não está sujeita a cursos acadêmicos, é espiritual e desempenha um papel crucial na condução do crente em direção à santidade (Hebreus 12:14). O resultado desse caminhar com sabedoria é a transformação gradual, tornando-se parecido com Jesus (1João 3:2; Gálatas 3:26).

Andar como sábios, à luz dessa perspectiva, implica não apenas em adquirir conhecimento, mas em aplicar a sabedoria divina à vida diária. Isso se traduz em decisões fundamentadas na luz da Palavra de Deus, na busca contínua pela santidade e na progressiva conformidade à imagem de Cristo.

Portanto, a exortação de Paulo é não apenas para uma sabedoria humana, mas para uma sabedoria que transcende o intelecto, moldando a própria essência do crente no processo.

III. VENCENDO OS DIAS MAUS

1. Remindo o tempo

A exortação de Paulo em Efésios 5:15,16 ressalta a importância de os crentes caminharem com sabedoria, aproveitando ao máximo o tempo que lhes é dado. A expressão "remindo o tempo" aponta para a necessidade de resgatar momentos, reconhecendo a transitoriedade da vida e a urgência de agir com propósito. O termo "remir" significa resgatar, recuperar, e nesse contexto, sugere a ideia de resgatar oportunidades, investindo o tempo de maneira inteligente, significativa e intencional.

Remir o tempo não sugere uma simples ocupação do tempo, mas uma redenção ativa, onde cada momento é investido com discernimento divino. A compreensão de que "os dias são maus" destaca a urgência de viver de maneira significativa, resistindo às influências negativas ao redor.

Remir o tempo, portanto, implica em evitar distrações desnecessárias e priorizar o que é realmente valioso. Isso inclui o crescimento espiritual, a busca pela santidade, o compartilhamento do Evangelho e a demonstração prática do amor cristão.

Ao adotar essa postura de remir o tempo, os crentes não apenas resistem às pressões do mundo, mas também se tornam agentes transformadores em seu ambiente. É uma jornada que transcende a mera gestão do tempo, envolvendo uma profunda consciência da vontade de Deus e um compromisso ativo em viver de maneira que glorifique ao Senhor em todos os momentos.

Com certeza, as pessoas sábias têm consciência de que o tempo é um bem precioso. Todos nós temos a mesma quantidade de tempo ao nosso dispor: 60 minutos por hora, 24 horas por dia. As pessoas sábias empregam seu tempo de forma proveitosa.

2. Remindo o tempo e a Volta do Senhor Jesus

O conceito de "remir o tempo" entre os cristãos no princípio da Igreja estava intrinsecamente ligado à iminência da segunda vinda do Senhor Jesus. A compreensão de que esse evento glorioso poderia ocorrer a qualquer momento impregnava a mentalidade da comunidade cristã, moldando sua abordagem em relação ao tempo e às oportunidades que se apresentavam.

O apóstolo Paulo, ao escrever sobre a nossa transformação e a imortalidade em 1Coríntios 15:51, instigava os crentes a adotarem uma postura vigilante, sempre prontos para a volta do Senhor. Essa expectativa não era uma mera teoria, mas um motivador prático para viver de maneira significativa e centrada em Cristo.

Remir o tempo, nesse contexto, era mais do que uma gestão eficiente do tempo; era um chamado urgente para viver uma vida piedosa, santa e sábia. A ênfase não era apenas na qualidade do tempo, mas na prontidão espiritual para o encontro com o Senhor. A passagem em 1Tessalonicenses 4:15 reforça essa ideia, destacando a importância de estarmos preparados espiritualmente, pois a volta de Jesus é iminente.

A perspectiva da iminência da volta de Cristo impede que os cristãos percam tempo com trivialidades e os impulsiona a priorizar o que é eterno. A vida sábia e piedosa, encorajada por essa expectativa, não é apenas uma preparação para o futuro, mas uma expressão de adoração e serviço ao Senhor no presente.

Ao remir o tempo, os crentes primitivos não apenas gerenciavam seus dias com sabedoria, mas também testemunhavam ao mundo sobre a esperança que possuíam. Essa jornada transcendia o temporal, apontando para a realidade eterna que aguardava os que estavam preparados para a volta do Senhor Jesus.

3. Os dias são maus

“Remindo o tempo, porquanto os dias são maus” (Ef.5:16). Aqui, a expressão "os dias são maus" ressoa como um alerta vívido para os cristãos, indicando que vivemos em uma sociedade permeada pelo pecado e por influências negativas. Nesse contexto desafiador, a exortação de "remir o tempo" ganha uma urgência ainda maior, pois os dias maus representam uma constante ameaça à busca por uma vida centrada em Deus.

A caracterização dos dias como maus não sugere apenas a presença de adversidades externas, mas também a possibilidade de sucumbir às tentações e práticas prejudiciais à Igreja de Cristo. É um reconhecimento da influência corrosiva do pecado que permeia a cultura e pode desviar os crentes do propósito eterno.

Diante dessa realidade, a resposta não é o conformismo, mas o discernimento espiritual. Paulo enfatiza que, em vez de nos conformarmos com os padrões mundanos, devemos compreender "qual seja a vontade de Deus" (Efésios 5:17). Isso implica não apenas conhecer intelectualmente a vontade divina, mas aplicá-la de maneira prática em nossas vidas diárias.

A vontade de Deus, nesse contexto, inclui ações específicas que fortalecem a vida espiritual e promovem o bem para com os outros. Isso envolve a prática do amor, a leitura das Escrituras, a oração, a consagração pessoal e a participação ativa nas diversas atividades/ministérios da Igreja Local. Em Gálatas 6:10 e Hebreus 10:25, encontramos direcionamentos claros sobre como usar o tempo de maneira construtiva, promovendo a edificação mútua e a preservação da fé em meio aos dias maus.

Portanto, remir o tempo em meio aos dias maus é mais do que uma gestão eficiente do tempo; é uma resposta sábia à urgência espiritual da época. É uma jornada de discernimento, resistência às influências negativas e busca constante pela vontade de Deus, vivendo uma vida que honra o Senhor mesmo em um contexto desafiador.

CONCLUSÃO

Concluímos esta Lição afirmando que a caminhada cristã não é apenas uma jornada física, mas uma jornada de transformação interior, orientada pelos princípios eternos da Palavra de Deus. Ao vivermos sábia e prudentemente, redimindo o tempo em meio aos desafios do presente, preparamo-nos não apenas para a eternidade, mas para vivermos uma vida que glorifica a Deus em cada passo.

Que esse estudo sobre como nos conduzir na caminhada cristã inspire-nos a abraçar a sabedoria divina, a agir com prudência em cada decisão e a viver na expectativa santa da volta gloriosa de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. Que, ao final desta jornada terrena, possamos ouvir as palavras do Mestre: "Bem está, servo bom e fiel... entra no gozo do teu Senhor" (Mateus 25:21).

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Pr. Hernandes Dias Lopes. Efésios – Igreja, a noiva gloriosa de Cristo.

Pr. Hernandes Dias Lopes. 1 e 2 Tessalonicenses – Como se preparar para a Segunda Vinda de Cristo.

domingo, 14 de abril de 2024

O CÉU: O DESTINO DE TODOS OS CRISTÃOS

         2º Trimestre de 2024

SUBSÍDIO PARA A LIÇÃO 03

Texto Base: Filipenses 3:13,14,20,21; Apocalipse 21:1-4

“Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Filipenses 3:20).

Filipenses 3:

13.Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam e avançando para as que estão diante de mim,

14.prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. 

20.Mas a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo,

21.que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas.

Apocalipse 21:

1.E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.

2.E eu, João, vi a Santa Cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido.

3.E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles e será o seu Deus.

4.E Deus limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são passadas.

INTRODUÇÃO

Ao nos lançarmos na terceira lição deste trimestre, somos convidados a contemplar e refletir sobre um dos temas mais sublimes e esperançosos da fé cristã: "O Céu - o Destino do Cristão". Este é um tema que vai além de uma mera especulação teológica; é uma promessa divina que permeia toda a Escritura, oferecendo conforto, esperança e uma perspectiva eterna aos que seguem a Cristo.

Explorar este tema do Céu é uma jornada para compreender a esperança que se estende diante de cada cristão. É uma motivação para perseverar, uma fonte de consolo nas adversidades e a certeza de que esta vida terrena não é o fim da história.

A ideia do Céu não é apenas uma utopia distante, mas uma promessa central nas Escrituras Sagradas que revela a recompensa final reservada aos fiéis. Jesus, em João 14:2,3, consola os corações dos discípulos, afirmando que Ele está preparando lugares no Céu para aqueles que O seguem.

Ao mergulharmos no estudo do Céu, será essencial explorar as diversas representações bíblicas desse lugar eterno. Desde as descrições figurativas e literais de Apocalipse até as palavras consoladoras de Paulo em 1Coríntios 2:9, cada passagem revela aspectos da glória e da plenitude que aguardam os fiéis seguidores de Cristo.

Além de ser um destino glorioso, o Céu também nos desafia a uma reflexão sobre nossa preparação para a eternidade. Como cristãos, somos chamados não apenas a ansiar pelo Céu, mas a viver de maneira que nossa jornada aqui na terra reflita a realidade e a esperança da vida eterna.

I. CÉU: O ALVO DE TODO CRISTÃO

1. Definindo o Céu

A palavra "céu" encontra-se profundamente entrelaçada nas narrativas bíblicas, trazendo consigo uma riqueza de significados e nuances. No Antigo Testamento, a expressão hebraica "shamayim" é empregada 419 vezes, enquanto no Novo Testamento, o termo grego "ouranos" é utilizado 280 vezes, ambos carregando consigo uma variedade de interpretações.

No âmbito hebraico, "shamayim" é traduzida como "altura", enquanto o equivalente grego, "ouranos", é interpretado como "algo elevado" nas traduções em língua portuguesa da Bíblia. Essas palavras abrangem três significados distintos: o céu atmosférico, o universo ou firmamento dos céus e a morada de Deus.

No primeiro contexto, "céu" refere-se à esfera atmosférica, como evidenciado em Deuteronômio 11:11,17. Em seguida, temos o sentido do universo ou firmamento dos céus, ilustrado em passagens como Gênesis 1:14, 15:5 e Hebreus 1:10.

No entanto, o significado mais importante para o cristão está no terceiro contexto, onde "céu" representa a morada de Deus, conforme visto em Isaías 63:15, Mateus 7:11,21 e Apocalipse 3:12. É a habitação presente de Deus e de seus anjos(Sl.33:13,14). É o lugar onde está o trono de Deus (Sl.2:4). É o local onde o Senhor está presente na plenitude de sua glória, um local “fixado”, “estabelecido” para que Ele se revele tal como Ele é, e não apenas pela expressão das suas obras, como o que ocorre com o Universo (Rm.1:20). É o lugar de sua presença, ao qual o Cristo glorificado retornou (At.1:11), e onde um dia o povo de Deus, a Igreja redimida e glorificada, estará com seu Salvador para sempre (João 17:5,24; 1Ts.4:16,17). Ele é retratado como um lugar de descanso (João 14:2), uma cidade (Hb.11:10) e um país (Hb.11:16). Logo, pensar no Céu como um lugar é corretíssimo.

É neste último sentido, portanto, que a palavra "céu" adquire sua máxima importância para o crente. É a esfera eterna e perfeita onde Deus e as criaturas celestiais coabitam. Este é o céu que transcende as fronteiras terrenas e representa não apenas um espaço físico, mas o local supremo de comunhão divina.

Se a nossa esperança é a volta de Cristo, tal esperança se completa com a perspectiva de habitarmos eternamente na dimensão espiritual, assim como o Senhor, dimensão esta que as Escrituras denominam de “Céu”, pois seremos semelhantes a Ele e assim como é O veremos (1João 3:2). Todos os redimidos em Cristo estarão eternamente no lar celeste revestidos de um corpo glorioso (1Ts.4:16,17) - é a plena Salvação. No Céu a plena salvação se concretizará, pois lá tudo é perfeito.

2. O Céu conforme o ensino de Paulo

Paulo, o apóstolo, compartilha uma experiência singular de ser arrebatado até o terceiro Céu (2Co.12:2), enfatizando-o como um lugar celestial nas suas epístolas. Este Céu é delineado como o lar eterno dos redimidos em Cristo Jesus, um destino seguro para aqueles que aguardam a promessa de estarem para sempre com o Senhor (1Tessalonicenses 4:17; Efésios 1:3,20; 2:6).

Mesmo estando preso em Roma, e a pesar das tribulações enfrentadas, Paulo escreveu assim para os crentes de Filipos: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Filipenses 1:21). Para o crente, viver em Cristo significa desenvolver um relacionamento na esfera do reino celestial. Mesmo que ainda não tenha experimentado fisicamente esse Céu, mesmo estando em tribulação, tentação ou provação, toda a vocação do crente é celestial no presente momento da vida. Nessa perspectiva, o poder que permeia a vida do crente emana do Céu, capacitando-o a superar os desafios diários.

A compreensão paulina do Céu não é meramente uma promessa futura, mas uma realidade presente que molda a identidade e a jornada espiritual do crente. Essa visão celestial não só inspira a esperança para o futuro, mas também informa e transforma a vida cotidiana, infundindo-a com o poder divino necessário para a vitória diária.

Portanto, o Céu, segundo o ensino de Paulo, transcende a mera expectativa futura; é uma realidade presente que transforma a vida do crente em uma jornada celestial, onde a fonte de poder e a promessa da eternidade são fundamentais para a vida diária na terra.

3. O alvo do cristão

Indubitavelmente, o alvo do cristão é o Céu. Após a redenção, não mais pertencemos a este mundo transitório. Paulo, ao orientar os crentes, insta-os a seguir em direção ao alvo, comparando-o à linha de chegada que o atleta busca para alcançar o prêmio (1Coríntios 9:24; 2Timóteo 4:8). Assim como o apóstolo, o cristão empenha-se com determinação, empenho e com os olhos fixos no Autor da Salvação (Hb.12:2).

O Céu torna-se o alvo do cristão em virtude de uma soberana vocação, emanando de Deus através de Jesus Cristo. Essa meta reflete o resultado transformador de uma nova vida, levando o crente a direcionar seu foco para as realidades celestiais (Colossenses 3:2). A expressão "nossa pátria está nos céus" sintetiza essa nova identidade (Filipenses 3:20), indicando que o cristão possui uma cidadania celestial (Efésios 2:19).

Neste caminho em direção ao alvo, o cristão peregrina em busca da plenitude de sua cidadania celestial. Essa jornada visa algo perfeito e absoluto, culminando na transformação do corpo abatido para a semelhança do corpo glorioso de Jesus Cristo (1Coríntios 15:44; 1João 3:2). O alvo do cristão, portanto, não é apenas um destino distante, mas uma jornada de transformação contínua, impulsionada pela esperança da eternidade nos céus.

II. A DESCRIÇÃO DO CÉU SEGUNDO O LIVRO DO APOCALIPSE

1. O novo Céu e a nova Terra

“E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe” (Apocalipse 21:1).

Depois da abertura dos sete selos, conforme Apocalipse 6, em que predominarão a desordem, a tribulação, o julgamento das nações (Mt.25:31-46), o milênio, o julgamento definitivo de Satanás (Ap.20:10) e o Juízo do Grande Trono Branco (Ap.20:11-15), o quadro revelado na sequência é do “novo Céu e da nova Terra”, ou seja, o Estado Eterno (Ap.21:1), que não devem ser confundidos com os novos céus e nova terra descritos em Isaias 65:17-25. Esta passagem do Antigo Testamento trata do milênio, pois o pecado e a morte ainda estão presentes (Is.65:20), e crianças ainda nascerão (Is.65:23); fatos estes que não existirão no Estado Eterno, onde só haverá perfeição. Estes elementos serão totalmente excluídos do Estado Eterno. Apocalipse capítulos 21 e 22 descrevem literalmente as glórias do magnífico Estado Eterno.

Uma nova reforma cósmica radical sempre esteve nos planos de Deus. Deus transformará os céus e a Terra que hoje conhecemos, de tal forma, que corresponderá a uma nova criação. O apóstolo Pedro descreve isso com contundência: “esperando e apressando a vinda do Dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão. Nós, porém, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça” (2Pd.3:12,13).

O novo Céu e a nova Terra serão tão magníficos que tornarão os antigos céus e a Terra insignificantes. No capítulo final da profecia de Isaias, o Senhor promete que este novo Céu e esta nova Terra perdurarão para sempre, juntamente com todos os santos de Deus - “Porque, como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante de mim, diz o SENHOR, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome” (Is.66:22). Observe que, em um novo universo, a Nova Jerusalém será o foco de todas as coisas (Ap.21:2).

O “novo céu e nova terra” é o destino do cristão, um novo lar completamente redimido, sem qualquer semelhança com o mundo antigo, pois “eis que faço novas todas as coisas” (Ap.21:5).

Segundo o pr. Antônio Gilberto, no Estado Eterno haverá:

a)    Governo perfeito. O homem não tem sabido, nem podido governar bem a Terra. Todas as tentativas humanas nesse sentido fracassaram: dos gregos, através da cultura; dos romanos, através da força e da justiça; e dos governantes dos nossos tempos, através da ciência e da política. Mas Cristo exercerá um governo perfeito, no seu tempo. Nunca haverá desordem, insatisfação, injustiça.

b)   Habitantes perfeitos - "Nunca mais haverá qualquer maldição" (Ap.22:3). Não haverá mais pecado, o que resultará em santidade perfeita. Foi o pecado que trouxe toda sorte de maldição (ler Gn.3:17; Gl.3:13).

c)    Serviço perfeito - "Os seus servos o servirão" (Ap.22:3). O maior privilégio do homem é servir a Deus. O trabalho para Deus será perfeito; Culto perfeito; Atividades perfeitas. Quantas maravilhas não aguardam os salvos!

d)   Comunhão perfeita - “Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles” (Ap.21:3). O novo céu e a nova Terra é a restauração da convivência completa e perfeita entre Deus e os homens, que havia antes que o pecado causasse o atual estado de divisão que existe entre Deus e a humanidade. Como povo de Deus, desfrutaremos comunhão mais próxima com Ele do que jamais imaginamos. Deus mesmo estará com todos os seus santos num relacionamento mais íntimo e afetuoso. Somente na Nova Jerusalém, esta comunhão será restabelecida por completo, ocorrendo aquilo que é dito pelo apóstolo João, de vermos Deus como Ele é (1João 3:2).

e)    Visão perfeita - "Contemplarão a sua face" (Ap.22:4). Somente com uma visão perfeita é possível contemplar a face de nosso Senhor. Nenhum homem neste mundo viu a face do Senhor. Nem mesmo Moisés que teve uma íntima comunhão com Deus. Para ele Deus disse: “Não poderás ver a minha face, porquanto homem nenhum verá a minha face e viverá” (Êx.33:20). A esperança dos fiéis é de contemplar a face de Deus (Salmos 11:7; 17:15). Os vencedores terão este privilégio diante do trono de Deus e do Cordeiro - “Os seus servos o servirão, contemplarão a sua face” (Ap.22:3,4).

f)     Identificação perfeita - "E nas suas frontes está o nome dele" (Ap.22:4). Nome na Bíblia fala de caráter; daquilo que a pessoa de fato é. Haverá então uma perfeita identificação entre Deus e os seus remidos. No Antigo Testamento o sumo sacerdote levava gravadas, numa lâmina de ouro puro, sobre a sua coroa sagrada, as palavras: "Santidade ao Senhor" (Êx.39:30). Mas no Estado Eterno, onde a santidade é perfeita, o próprio nome de Deus estará sobre a fronte dos seus filhos.

g)   Conhecimento Perfeito. Hoje, conhecemos a Deus apenas em parte, mas no Novo Céu e na Nova Terra o nosso conhecimento será perfeito dentro do plano humano, em glória (cf.1Co.13:12).

h)   Interação perfeita - "E reinarão pelos séculos dos séculos" (Ap.22:5). No Estado Eterno, ou seja, no Novo Céu e na Nova Terra, todos juntos, harmonicamente, e sempre, reinaremos. Isso jamais será conseguido aqui, mas no perfeito Estado Eterno, sim!

Quantas coisas preciosas tem o Senhor reservadas à Sua amada Igreja! Concordo com o grande mestre, o pr. Antônio Gilberto, quando diz: “Se pudéssemos todos apreciar de fato, pela visão do Espírito, o que é o Céu, a eterna bem-aventurança dos salvos, teríamos tanto desejo de ir para lá, e nos desprenderíamos tanto das coisas daqui, que o Diabo não teria um só torcedor; um só amigo seu na terra. Inúmeros crentes por não terem essa visão estão demasiadamente presos às coisas deste mundo, que jaz no Maligno (1João 5:19)”.

2. A linda Cidade como nossa nova morada

“E eu, João, vi a Santa Cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido” (Apocalipse 21:2).

João não teve dúvidas em identificar o que ele viu - ele disse ter visto uma cidade. Contudo, descrever como é essa Cidade, tornou-se um desafio para o apóstolo João. Certamente que, sob a orientação do Espírito Santo, ele usou símbolos, figuras, para falar da grandeza, da perfeição, da beleza da Formosa Jerusalém Celestial.

a) É um lugar real. A Formosa Jerusalém Celestial é uma cidade real, visível, palpável; uma Cidade que tem fundamentos e cujo Artífice e Construtor é o próprio Deus (Hb.11:10).

- Abraão pôde crer na existência desta cidade. Abraão viveu aqui na Terra, porém, não fixou nela as suas raízes. Ele tinha os pés na terra e o pensamento no Céu. Era diferente de muitos pregadores de hoje, os quais induzem o povo a pensar e a lutar pela conquista dos bens terrenos. Com relação a ele a Bíblia diz: “Pela fé habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa. Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o artífice e construtor é Deus”(Hb.11:9,10). Hoje nós sabemos, pela revelação que foi dada ao apóstolo João que esta Cidade é a Formosa Jerusalém Celestial. Abraão creu na existência desta Cidade. Não sabemos como ele teve essa revelação, mas ele tinha convicção de que ela era real.

- Paulo também pôde crer como creu Abraão. Paulo cria, como creu Abraão, por isto dizia que “... a nossa cidade está nos céus, donde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo” (Fp.3:20).

Abraão não fundou nenhuma cidade na Terra nem ergueu um Império para si ou para os seus. Paulo, também, não! Abraão e Paulo, dois homens chamados por Deus, viveram na esperança de um dia habitar na Jerusalém Celestial, a Cidade que tem fundamento e cujo Artífice e Construtor é Deus.

- Nós também podemos crer, como creram Paulo e Abraão. Nós somos crentes, porque cremos. Fomos chamados para crer. Não necessitamos de ver para crer, mas cremos para ver. Por isto temos a viva esperança não apenas de ver, mas de morar, eternamente, na Formosa Jerusalém Celestial.

b) Lá, o nosso corpo será real. O Corpo de Jesus era real, era palpável, podia ser tocado pelas mãos dos homens. Para vir à Terra ele tomou um corpo igual ao nosso. Quando Ele ressuscitou, o seu corpo não era intangível, não era uma simples “fumaça”. Ele podia ser tocado pela mão de alguém - “E, falando ele dessas coisas, o mesmo Jesus se apresentou no meio deles e disse-lhes: Paz seja convosco. E eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito. E ele lhes disse: Por que estais perturbados, e por que sobem tais pensamentos ao vosso coração? Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; tocai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho. E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés” (Lc.24:36-40). Jesus mostrou-lhes as “mãos e os pés”, porque neles estavam, como ainda estão, as marcas dos cravos com os quais ele foi pregado na cruz.

Sabemos, pela Bíblia, que quando Ele vier este nosso corpo corruptível e mortal será transformado - “Porque convém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade” (1Co.15:53). Será, pois, nesse Dia, que o Senhor Jesus “... transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas” (Fp.3:21).

Portanto, o nosso corpo com o qual seremos levados para a Nova Jerusalém, será conforme o corpo de Jesus; então nós receberemos um corpo real, palpável. Não seremos, apenas, “uma fumaça”. Isto é uma maravilhosa Esperança!

III. CÉU: O FIM DA JORNADA CRISTÃ

1. Estaremos onde Deus está

“Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito, pois vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para mim mesmo, para que, onde eu estiver, estejais vós também” (João 14:2,3).

O ápice da jornada cristã é vividamente representado em Apocalipse 21, onde a realização plena aguarda os crentes, que estarão na presença de Deus. Este cenário corrobora as palavras de Jesus em João 14:3, prometendo que voltaria para levar Seu povo ao Pai. Nesse lugar celestial, os crentes compartilharão a morada divina, cumprindo a promessa de habitar no tabernáculo de Deus, pois eles serão Seu povo e Ele será o seu Deus (Apocalipse 21:3).

A visão apocalíptica retrata não apenas um local físico, mas uma comunhão íntima e eterna com o Criador. João 14:1-3 fundamenta essa expectativa, destacando a garantia de Jesus de preparar um lugar especial para Seus seguidores, assegurando que onde Ele estiver, eles também estarão. A confluência dessas passagens revela que o destino final da jornada cristã é a proximidade eterna com Deus, cumprindo a promessa divina de uma comunhão ininterrupta e gloriosa.

No Céu serviremos ao Senhor continuamente (Ap.22:3). Alguns pensam que no Céu, na eternidade com Cristo, na Santa Cidade, não haverá trabalho. Esquecem-se de que Deus, sendo perfeito em tudo, trabalha (João 5:17; Is.64:4). Aqueles que tiverem sido servos do Senhor aqui hão de continuar a servi-lo ali - "os seus servos o servirão". 

A Nova Jerusalém é, portanto, “o Tabernáculo de Deus” onde o Altíssimo “habitará” eternamente entre seu povo (Ap.21:3; 22:3,4). A despeito de quando esta gloriosa Cidade descerá do Céu, a promessa profética deste lar eterno para o povo de Deus leva os santos a orar: “Amém! Ora, vem, Senhor Jesus!” (Ap.22:20).

2. As lágrimas cessarão

“E Deus limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são passadas” (Apocalipse 21:4).

Uma das promessas mais reconfortantes reservadas aos habitantes do céu é a garantia de que Deus enxugará todas as lágrimas de seus olhos. Essas lágrimas simbolizam tristeza, sofrimento e as aflições humanas, elementos que serão completamente ausentes na nova realidade celestial, onde as coisas antigas serão deixadas para trás (1Coríntios 15:26,54; Isaías 61:3; 65:19).

Lá só haverá alegria, infinitamente superior a tudo o que já sentimos nesta vida. A visão celestial transcende a mera ausência de tristeza, oferecendo uma esperança de renovação completa, onde as lágrimas são substituídas por alegria eterna e a redenção alcança não apenas as almas, mas todo o cosmo.

Esta promessa de cessação das lágrimas não apenas aponta para um estado emocional renovado, mas também para uma transformação profunda no mundo físico. A redenção do sofrimento será possível mediante a total transformação e libertação da corrupção do mundo material, conforme explicado por Paulo ao abordar a redenção do mundo físico (Romanos 8:21).

Assim, no Céu, a promessa de que as lágrimas cessarão reflete não apenas a ausência de dor, mas a completa restauração de tudo o que foi afetado pelo pecado e pela decadência.

3. O Céu como repouso eterno

Ao afirmarmos que o Céu será um local de repouso, não nos referimos ao descanso monótono, mas à cessação das fadigas, cansaço e exaustão que enfrentamos nesta existência terrena (Apocalipse 14:13). Nesse Estado Eterno, experimentaremos plena satisfação em comunhão uns com os outros e com nosso Senhor (Mateus 8:11; Apocalipse 19:9).

Todavia, a concepção do "repouso" no contexto celestial está longe de qualquer ideia de tédio ou inatividade. Pelo contrário, o Céu é apresentado como um lugar de atividades contínuas e significativas, tais como adoração intensa (Apocalipse 19:1-8), serviço devoto (Apocalipse 22:3) e aprendizado ilimitado (1Coríntios 13:12). É uma dimensão completamente diferente daquilo que conhecemos atualmente.

O repouso no Céu, portanto, não representa um estado de inatividade, mas sim o cumprimento e a consumação de nossa jornada cristã. É a vivência da morada reservada para os redimidos, onde todas as lutas terrenas encontrarão sua recompensa e descanso final. Assim sendo, a perspectiva da eternidade no Céu não apenas transforma nossa visão do futuro, mas também molda a maneira como vivemos nossa vida cristã no presente.

Consequentemente, toda a jornada cristã deve ser orientada pela consciência constante da realidade eterna do Céu. A esperança do Céu não é apenas um consolo para o futuro, mas um guia poderoso que permeia cada escolha, ação e atitude na vida presente (Colossenses 3:2).

O Céu como repouso eterno não é apenas uma promessa distante, mas uma realidade que infunde significado e propósito em toda a nossa jornada terrena.

CONCLUSÃO

A compreensão bíblica do Céu vai além de uma mera utopia distante; é a promessa de um destino eterno preparado por Deus para aqueles que O seguem. Desde as palavras consoladoras de Jesus até os ensinamentos do apóstolo Paulo, o Céu é pintado como a meta final, a morada dos redimidos, onde a presença de Deus resplandece eternamente.

Ao explorar as nuances do Céu, descobrimos que não se trata apenas de um local de repouso eterno, mas de uma esfera de atividade incessante. Adoração, serviço e aprendizado ilimitado preencherão os dias dos redimidos, revelando que a eternidade com Deus é uma experiência dinâmica e plena.

A consciência do Céu como destino do cristão transforma não apenas o olhar para o futuro, mas também a forma como vivemos no presente. Cada escolha, cada ação, é moldada pela realidade da morada celestial que aguarda. A esperança no Céu não é apenas um consolo diante das aflições terrenas, mas um guia constante que orienta nossa jornada na busca da plenitude da vida com Deus.

Concluímos esta Lição não apenas com conhecimento, mas com uma convicção mais profunda de que o Céu é o destino supremo do cristão. Que essa compreensão inspire uma vida de fidelidade, serviço e adoração, antecipando o glorioso dia em que estaremos para sempre com o nosso Senhor na Cidade Celestial. Amém!

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Luciano de Paula Lourenço – EBD/IEADTC

Referências Bibliográficas:

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Bíblia de estudo – Aplicação Pessoal.

Bíblia de Estudo – Palavras Chave – Hebraico e Grego. CPAD

William Macdonald. Comentário Bíblico popular (Antigo e Novo Testamento).

Comentário do Novo Testamento – Aplicação Pessoal. CPAD.

Pr. Hernandes Dias Lopes. 1Pedro – Com os pés no vale e o coração no Céu.

J. Dwight Pentecost. Manual de Escatologia (uma análise detalhada dos eventos futuros). Vida.

Pr. Claudionor de Andrade. Vem o Fim, o Fim Vem. CPAD. 2004.

Pr. Elinaldo Renovato de Lima. O Final de Todas as Coisas. CPAD.

Pr. Ciro Sanches Zibordi. Escatologia Doutrina das últimas Coisas. Teologia Sistemática. CPAD.

Tim Lahaye. Enciclopédia popular de Profecia Bíblica. CPAD.2015.

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